29 outubro 2010



Cabelos desgrenhados, mãos calejadas, unhas quebradas, olheiras, roupa amarrotada era assim que Juliana se via no espelho.
Idade: 35 anos
Família: quatro filhos pra criar e o  marido fora assassinado e até aquele momento não sabia qual fora o motivo.
Sonhos: Sentir-se mulher.
Planos: Pra ela nenhum, mas deveria lavar, passar, cozinhar cada vez mais pra dá uma vida digna a seus filhos.


Vida dura dizia pra si mesma. Nunca reclamava. Dava tudo de si durante todo dia. Bordava , lavava roupa pra fora, passava e era diarista numa casa de família. Era assim que sobrevivia. A casa onde morava era cheia de teia de aranha, o piso estava em péssimas condições, a porta de entrada fazia uma zuada enorme, era mal iluminada, a louça sempre ficava acumulada e ela sempre ficava sozinha. 
Desde que seu marido morreu, havia mais de um ano, ficou assim triste sem vontade de nada. Ela o amou como nunca amou ninguém, deu tudo de si e,  ele o mesmo fizera.
Sua vida se resumia ao que devia ser feito. Não falava nada o dia inteiro, guardava tudo pra ela. Não dava amor, mas também não o recebia. Nada. Era necessário fazer  que tinha que ser feito,sempre dizia a si mesma. 
Assim continuava vivendo. sobrevivendo..
Certo dia recebeu uma carta endereçada com seu nome escrito à lápis: Juliana Maria.
"Meu nome num é Juliana Maria é Maria Juliana". Decidira não mexer já que não era pra ela. Colocou sobre a pentiadera velha de seu quarto. Passaram trÊs dias e ela ainda não lera a carta. Decidiu abrir e ler. Não era pra ela dizia a si mesma e pensou "Se tivesse errado a sequencia de meu nome? Sim vou ler. Se não for pra mim eu guardo ou jogo no lixo, também não conheço nenhuma Juliana Maria". Abriu a carta. Seu coração disparava. As palavras iam sido faladas em voz alta. Uma leitura bem pausada e bem dificultosa. Há anos não lia nada. Assim a carta era escrita:


" Pensei que poderia viver sem tuas pernas sacanas por entre as minhas. Pensei que sobreviveria sem teus beijos e sem tuas carícias. Você me pegou de jeito a cada dia que nos encontrávamos. Tua boca vermelha que me beijava a cada instante me deixavam maluco. Tuas curvas que pude me deliciar de cada uma delas serão pra mim os melhores passeios.


És linda como o encanto da rosa que desabrocha no amanhecer. Teus olhos cor de limão me fascinam. Quero te encontrar novamente.


Não me deixa ficar sem ti por muito tempo.."
                                                                                                  
 Pra sempre teu, Cherie


Ela suspirou, olhou as letras e disse agora em voz alta ; "pra diaxo não coloca o nome?! Prefere colocar C.H.E.R.I.E num sei nem como se ler!! Quantas palavras lindas.. ardentes.. É muita safadeza e sou uma mulher direita. Quem foi o canalha que escreveu isso?" Logo se lembrou  com uma expressão triste " Num é pra mim". Foi até o espelho e viu seus cabelos feios, desarrumados. Lembrou-se das palavras da carta. Começou a mexer e arrumá-los. Ligou o chuveiro com água fria e começou a se lavar. Lá dentro dela lembrava-se de seu amor com Jorge, seu marido assassinado, sempre  dirigia o seu pensamento quando lembrava dele de "o marido assassinado", decidiu não mais lembrar dele daquela forma. Ele a amava e ela estava matando sua própria vida lentamente. Se arrumou toda. Olhou-se no espelho e disse "pareço com gente". Passou algum tempo olhando-a. Na carta dizia "teus olhos cor de limão", mas o meu era cor do mar. Nunca prestara atenção nesta comparação..
Riu de sua ingenuidade e disse "Pra que me arrumar? Uma carta não muda nada. Sem amigos. O trabalho que levo num tem como ter unhas impecáveis, cabelo arrumado.." Foi até o espelho se despenteou toda. Voltou tudo ao normal. Só não, o cheiro do perfume que permanecia. 
Ela mudaria de vida, mas nem se quer ela percebia.
Foi até a sala e viu uma  carta. "outra", pensou. Abriu imediatamente eufórica. Assim dizia a carta:




PS: CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...rs

4 comentários:

  1. Gisélia

    Primeiramente, obrigado pela visita, retribuo, agradeço pelo comentário e passo a te seguir para manter o contato se quiser faça o mesmo, bjs e bom fim de semana e feriadão.

    Valter Poeta

    ResponderExcluir
  2. olha só, que raiva giselia, eu quero saber o final, ain ain...

    to curiosa...

    ResponderExcluir
  3. Bem, eu passei para retribuir a visita e agradecer as palavras no meu blog, muito obrigado, devo confesar-lhe que estou curioso para saber o fim dessa Maria Juliana que pode ter a vida salva por uma carta, interessante, gostei das descrições, da forma como a narrativa é desregrada... parabéns passo por aqui mais vezes.

    ResponderExcluir